quinta-feira, março 02, 2006

Eu, oras, eu...



Depois de alta quilometragem rodada na vida, a gente fica pensando nas coisas passadas e relembrando experiências várias e ricas pelas quais passou. Desde cedo notei que, na vida, havia boiadeiros e boiadas. Esforcei-me para ser boiadeiro, para conduzir e não ser conduzido. Hoje tento ensinar isso aos meus filhos: há agentes e regentes (os que agem e os que reagem), há produtores e consumidores. Num show, há poucos no palco e milhares na platéia. Onde você prefere estar?

Não diria que sou hoje um ator, nem mesmo um boiadeiro. Por vezes estou na boiada, imerso no inconsciente coletivo, como convém aos bois. De repente, passo a produzir: fiz umas musiquinhas, fotografias, vídeos, escrevi poemas, crônicas, contos e mesmo livros (um publicado em 95 e outro à espera de uma editora).
A minha pobre biografia, entremeada de muitos amores, duradouros ou fugazes, revela que, de tempos em tempos, eu nutria interesses específicos. Adolescente, adorava ciências, a ponto de ler um livro de química, sobre os elementos, de ponta a ponta. Montei um laboratório, operei sapos (Coitados! Peço perdão a eles), construí e lancei pequenos foguetes, tentei fazer pólvora e nitroglicerina (Se deu certo? Oras, estou aqui escrevendo, não estou?). Bem, iria ser cientista, pesquisador...

Depois mergulhei no esoterismo. Li Teosofia, as váriasYogas, diversas correntes da Magia, Budismo Zen, enfim, estudei tudo o que podia sobre, fui Rosacruz, pratiquei Hata Yoga. E passei então para a política, vesti a camisa e carreguei bandeiras nas ruas, até candidato a vereador eu fui.

Nas profissões, fui projecionista de cinema, segurança ferroviário, balconista de bar, montei estúdio fotográfico, fui agente da Receita na Alfândega do Aeroporto de Congonhas, trabalhei na Cetesb e em assessorias de imprensa de prefeituras. Participei de pequenos jornais regionais, de exposições de artes plásticas, de festivais amadores de música...

Tudo somado, deu nisto: casei, tive filhos

Há tempos atrás, dava meus “pitacos” nas coisas da minha cidade, Franco da Rocha. Depois, desanimei, nihilista que me tornei (nihilista: vem de nihil, “nada” em latim. O nihilista, ou niilista, não crê em nada). Eu, que opinava nos jornais, criticava, sugeria, fazia reportagens e artigos, não perdia uma exposição de arte, uma peça local de teatro, participava da política ativamente, fotografava e fazia vídeos, que levava a sério tudo o que ocorria. Hoje estou fora. “De tanto ver triunfar nulidades”, a gente fica assim...

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