terça-feira, novembro 28, 2006

Carnaval do Clube Juventus em 71: uma quase-tragédia

Carnaval do Clube Juventus em 71: uma quase-tragédia
Vivi intensamente os anos 70. Por isso me sinto meio velho hoje. Foi nessa década que se deu minha formação político-cultural. Sob a mão pesada do regime militar, a gente respirava arte e cultura. Em 74, eu e meus amigos acampávamos muito. Com nossas músicas, participamos de Festival Amador de Música Popular na cidade. Em Franco da Rocha havia o Centro Comunitário, onde havia o Tececo, grupo local de teatro que montara a peça O Homem do Princípio ao Fim, de Millôr Fernandes. A gente curtia o local.
Estudávamos no Befama (resumo de Benedito Fagundes Marques, o colégio). O agito era a rua Jundiaí, com sua escadaria, a juventude sentada lá, paquerando. A bebida era cuba libre. Meus amigos, muitos. Os mais próximos, Pedro Quintanilha e Mário Ramos, moravam no meu bairro. Os dois desenhavam e pintavam bem. Mário tocava violão. Começamos, ou melhor, eles começaram a fazer umas máscaras com jeito indígena montadas sobre cascas de coqueiro. Aprendi e tentei fazer também. Foram tentar vender em São Paulo. Era 1971. Um sujeito gostou, conversou com eles e sugeriu que poderiam fazer a decoração de carnaval do salão do Juventus, na Moóca, ganhando um bom dinheiro.
Reunimo-nos e fomos conhecer o salão do clube e nos inscrever para apresentar um projeto. Eles desenharam um croqui do salão e parte externa útil, com medidas aproximadas... Dos três, só eu era maior de idade. Varamos noite, eles desenhando, eu sugerindo e dando idéias. Compomos um projeto intitulado “São Paulo de Luanda”, com temática afro. Na parte externa haveriam algumas cabanas de madeira coberta com sapé e grandes estandartes coloridos. Na parte interna, painés estilizados de guerreiros e temas afros etc. Colocamos um preço um pouco abaixo do limite proposto pelo Juventus.
Havia mais uns cinco projetos concorrentes. A diretoria do clube eliminou alguns e sobraram o nosso e mais dois. Em seguida nos informaram que só permaneciam concorrendo o nosso projeto e um outro, de um japonês. Aí caiu a ficha para mim: o trabalho seria complicado, exigiria mão-de-obra para serrar, recortar, desenhar, pintar, instalar etc. E nós nada tínhamos a não ser as idéias e a boa vontade... de ganhar muito dinheiro.
Pensei comigo: se formos escolhidos, quem terá de assinar o contrato serei eu, o único maior de idade. E o prazo para entregar o salão decorado era um tanto curto. E ficamos com medo de algum maluco botar fogo nas cabanas. E outros medos vieram... E eu amarelei: “não temos estrutura nem experiência, vamos desistir! Nós não conseguiremos montar a coisa a tempo. Imaginem, argumentei eu, a gente pagando o mico de acabar com o carnaval do clube Juventus! Vai ser uma tragédia! Eles matam a gente!”
Desistimos. E deixamos o tal de japonês faturar a grana. Hoje Pedro Quintanilha é um artista plástico de primeira linha na região. E Mário Ramos é enfermeiro de plataforma de petróleo da Petrobrás na Bacia de Campos,Rio de Janeiro. E piloto comercial de avião... e instrutor de vôo do aeroclube de Jundiaí. Enquanto isso, eu...

sexta-feira, novembro 24, 2006

Meus correspondentes estrangeiros

No início dos anos 80, sedento por leituras, tive acesso à revista "Cadernos do Terceiro Mundo", uma publicação de esquerda editada em vários países. Ali, na seção de cartas, peguei alguns endereços de estrangeiros e mandei correspondência. Nem imaginava em que cumbuca estava metendo a mão. Em algum tempo, já tinha correspondentes espalhados por vários países de língua portuguesa ou espanhola, além de outros, desde que se comunicassem nesses idiomas. Lembro-me de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau na África, Chile, Equador, Costa Rica, Porto Rico, Argentina e Perú nas Américas, mais Japão e Itália. Só respondia a cartas interessantes, não mais.
E contatei figuras ímpares. No Peru, por exemplo, mantive contato por anos com Júlio César Pantigoso Barreto, camarada de ultra-esquerda que começava e terminava seus manuscritos com vivas “à Revolução”, “à Liberdade dos Povos Latino-Americanos”, “ao Maoísmo”... Logo percebi: Júlio César, que me escrevia com endereço falso (já que eu possuía o verdadeiro) era integrante do Sendero Luminoso, grupo guerrilheiro de extrema-esquerda, liderado por Abimael Gúzman, hoje preso. Ele me colocou em contato com a jornalista norte-coreana Ri Mi Sun, que vivia num endereço que, se não me falha a memória, era mais ou menos assim: Shinjuku-ku, Hachiman Cho, Tókio, Japão (não estou seguro da grafia, mas a sonoridade é essa).
Ri Mi Sun falava coreano, japonês, inglês e espanhol. Por sua vez, ela me pôs em contato com o jornal Korea Popular, editado em espanhol, e mandou-me de presente de aniversário (após certificar-se de que eu era fumante), cigarros de vários países, postais lindíssimos da Coréia comunista e um isqueiro em forma de caneta banhado a ouro.
O peruano Júlio César me fez saber que havia um grupo de várias nacionalidades que formava uma corrente de correspondência espalhado pelo mundo. E inseriu-me nele. Todos tinham pensamentos de esquerda. Se um se calava, havia uma série de contatos preocupados para saber se alguém tivera contato com "sumido".
Da África vinham cartas com pedidos inusitados. Um angolano mandou-me uma carta nos seguintes termos: Caro amigo, minha casa foi bombardeada pelos boers (militares brancos descendentes de holandeses, da racista África do Sul) e perdi tudo. Peço sua ajuda. Mande-me, por favor dois pares de sapatos número 44, duas calças tamanho grande, duas camisas, um saco de arroz, outro de açúcar...
É mole? Moças pediam sandálias Melissa, mas que eu mandasse um pé antes e outro depois, senão roubavam nos correios de lá. E homens pediam fotos de brasileiras de fio dental na praia, revistas pornográficas e por aí em diante. Um angolano pediu um cartão postal da cidade de Gramado (RS) com neve! E outro disse gostar de informar-se sobre índios brasileiros. E citou as tribos Cheyennes, Comanches, Syoux...
A Costa Rica era o país onde eu mais tinha correspondentes. Comecei mandando cartas aos jornais La Nación e La Republica, pedindo contatos. Semanas depois o carteiro me entregou um pacote com mais de 150 cartas e disse: divirta-se! Tinha de tudo, principalmente crianças e adolescentes. Havia correntes de oração, uma cantora de bolero, a filha de um escritor, e evangélicos. De lá, um sujeito mandou-me uma foto sua na selva com guerrilheiros e camponeses, diante de uma bandeira vermelha e preta com a inscrição: FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional, Nicarágua).
Vieram da África algumas cartas em idioma que não consegui identificar. Não era inglês, francês, alemão, italiano... Fiquei sem saber. Na época eu sabia um pouco de espanhol, o suficiente para me corresponder sem passar grandes vergonhas. Essas pessoas me encheram de moedas de seus países, notas em papel, postais, selos e pequenos presentes. Com essas correspondências, aprendi na época que a moeda de Angola era o kwanza, de Moçambique era o metical e de algum país africano, o butut, da Zâmbia, eu acho.
Um dia me enchi e parei de responder às cartas, justo na época em que começavam a chegar cartas de Cuba...

terça-feira, novembro 07, 2006

A evolução das espécies...



O cabeçudinho aí do lado, da foto em preto e branco, sou eu, eu mesmo, Alcir Rodrigues de Oliveira. Ou era eu, pelo menos no século passado. Neste novo milênio, depois de intenso esforço evolutivo, meus agradecimentos a Charles Darwin, que me fez compreender. Afinal, aquilo deu nisso, esse bichim bunitim... Eitcha!!!

Meus haicais

A arte do Haicai, ou hai-cai, como preferem alguns, é muito bacana. Escrever sumariamente, deixando a mensagem forte na última frase, o “ferrão do escorpião”, parece fácil. Me aventurei algumas vezes a tentar. Deu nisso:

Pegue a trilha
vá embora
mas, favor,
leva sua trilha sonora.

De bar em bar,
um balcão
onde escorar
o meu azar.

Com sangue,
tudo se expande
a guerra, a morte,
a glande.

Calei “nãos”
ganhei viço
serei eu só isso?

O dia em que nasci
foi assim
apressado
nasceu antes de mim.

segunda-feira, novembro 06, 2006

A mídia, a mitologia e eu

Sou jornalista há muitos anos e até hoje as pessoas, principalmente os colegas, pasmam quando digo que não vejo TV nem ouço rádio. Não tenho mesmo a cultura do ouvinte de rádio. Diante da TV, a minha paciência acaba em minutos. Posso até ver um bom filme, um noticiário ou futebol, mas não tenho o menor interesse pela TV pois qualquer coisa, qualquer outro programa, ou um pouquinho de sono, e eu já abandono a telinha. Adoro jornal impresso, sou viciado nessa leitura. Antes eu ouvia rádio raríssimamente (Rádio USP ou Mix, não mais) quando lavava o carro aos sábados, ou dirigindo, o que fazia muito pouco.
E aí me perguntam os incrédulos:
- Então, o que você faz então com seu tempo livre???
Respondo com dose cavalar de ironia:
- Oras, como sou fã da mitologia greco-romana, costumo prestar minhas oblações a Baco, Eros e Morfeu, nessa ordem.

quarta-feira, novembro 01, 2006

FRASE DE PÁRA-CHOQUE DE CAMINHÃO:

Saudades lá de casa,
principalmente da cabeludinha do meio...

segunda-feira, outubro 30, 2006

VERÍDICA - Velhinha chata, sô!

Bar, no Brasil, é uma instituição a ser preservada. É ali que se ouvem (ou acontecem) as histórias mais saborosas, ou onde se encaminham tristes destinos. Sabadão qualquer, eu e um grande amigo estávamos em torno da cervejinha sentados num balcão de padaria, daquelas bem encardidas (como a maioria dos seus frequentadores), levando bom papo (um jogando cisco no ouvido do outro), quando chega uma senhora com uma foto de uma criança:
- Meu sobrinho está muito doente, preciso comprar remédios. Podem ajudar?
Interrompida a conversa, o colega deu um real. Eu não dei nada, duvidando que a mulher sequer conhecesse a criança. Mal retomamos a conversa e a velha interrompe novamente.
- Posso tomar um copo de cerveja? Tô com uma vontade...
Nos entreolhamos e demos a bebida para a mulher. Mas ela não deu trégua.
- Vocês moram aqui na cidade?
Respondi com monossílabo. Ela contra atacou, marcando corpo a corpo.
- Vocês são casados?
Aí foi demais e eu não perdi a deixa.
- Não, não, é só amizade...
Percebendo o duplo sentido do insólito diálogo, o colega não aguentou e explodiu na gargalhada. Aí sim, a mulher desistiu e se afastou devidamente melindrada.

VERÍDICA - Não me defenda. Você, não!

Certa feita eu estava em uma casa noturna em Franco da Rocha quando chegou um amigo gay com uma amiga comum. Sentaram-se e ficamos batendo papo. Em outra mesa, estavam uma moça que eu conhecia e um rapaz muito, muito forte. Ela me cumprimentou de longe e eu acenei pra ela. O fortão me olhou com uma cara muito, muito feia. Desviei o olhar e comentei com o colega de mesa.
- Nossa!, o cara não gostou de eu ter cumprimentado a companheira dele. Se ele me dá um soco, arranca minha cabeça.
Em minha defesa, meu amigo gay comentou decidido:
- Deixa ele vir aqui pra ver só. Dou-lhe uma cadeirada na cabeça... tá pensando o quê.
Olhei pro interlocutor por uns segundos e decretei:
- Nunca! Deixa quieto. Se ele vier, deixa eu apanhar em paz porque, se você me defende, com que cara eu saio na rua amanhã? Vou ter que mudar da cidade...
Gargalhadas gerais.

sexta-feira, outubro 27, 2006

Uma notícia preocupante...

Antes de fazer jus ao título acima: em dezembro de 95 publiquei meu primeiro livro, Treze Infernos, Textos poéticos, contos e crônicas. Há mais ou menos cinco anos, venho escrevendo um segundo livro, tendo Seara Encantada como título provisório. Estou parado na fase de revisão final, que é ora de cortar, cortar, cortar. E comecei recentemente a trabalhar num terceiro livro que trata do resgate da História do jornal O Franco, lançado em dezembro de 78. Espero terminá-lo no ano que vem e creio que o terceiro livro será lançado antes do segundo. Pode?
Mas vamos ao que interessa: estou com meu segundo livro parado. A história gira em torno da urgência do planeta em relação às agressões sofridas. E o risco de alterações climáticas extremas como tsunamis, grandes secas, degelo dos pólos, frequência cada vez maior de furacões etc.
Aí, vejo no jornal Folha de S. Paulo de 25/10 a notícia, alarmante, que segue reproduzida abaixo. E fico com a impressão de que a casa vai cair e as pessoas não estão ligando. E me animo a retomar o meu livro, que é mais um alerta, embora divertido.
Alcir de Oliveira

NOTÍCIA PUBLICADA NA FOLHA DE S. PAULO DE 25-10-2006

Humanidade já excede capacidade da Terra
Da Redação
Os seres humanos já usam recursos naturais a uma taxa 25% maior que a capacidade do planeta de regenerá-los. Se a tendência continuar, afirma um relatório divulgado ontem, em 2050 a humanidade precisará de duas Terras para prover suas necessidades.
O documento, chamado Living Planet Report, é lançado todo ano pela Ong WWF. Ele se baseia em dois indicadores: o chamado índice planeta vivo, que mede as tendências da biodiversidade na Terra, e a pegada ecológica, que calcula fatores como a biocapacidade (área produtiva de pasto, lavoura e florestas necessária à satisfação das necessidades humanas) e a capacidade dos oceanos de diluir a poluição humana.
O relatório de 2006, que captura essas tendências globais até 2003, indica que a humanidade superou a capacidade regenerativa do planeta por volta de 1980. O índice planeta vivo caiu 30% entre 1970 e 2003, o que indica que as extinções estão se acelerando.
“A humanidade não está mais vivendo dos juros da natureza, mas esgotando seu capital”, afirma o relatório. “A esse nível de déficit ecológico, a exaustão dos ativos ecológicos e o colapso em grande escala dos ecossistemas parece cada vez mais provável.”
Esse déficit não é igual para todos os seres humanos. A maioria dos países desenvolvidos “deve” mais ao planeta por ter uma pegada ecológica maior. Os EUA são o maior exemplo. Cada cidadão americano demanda 9,6 hectares para atender a seus padrões de consumo, mas a biocapacidade dos Estados Unidos é de apenas 4,7 hectares por pessoa – um déficit ecológico de 4,8 hectares por pessoa.
Já o Brasil, pelo menos nesse quesito, é (ainda) um credor: cada brasileiro usa 2,1 hectares, tendo o país uma biocapacidade de 9,9 hectares por pessoa.

Eu não resisto!

Não vejo graça no alcoolismo, Deus me livre! Mas leio jornal em bar, sempre no mesmo bar. Antes, eram livros. Uns dizem que jornal é meu álibi para a cerveja, ou que leio sempre o mesmo jornal todo dia e que, por isso, não deixo verem a data pra não descobrirem. Dizem também que só troco de jornal quando as páginas amarelam. Outros falam que a cerveja é álibi para o jornal. Que, sem a “ breja”, eu não saberia ler. Que a mulher me expulsa de casa por este ou aquele motivo. Deixo as lendas correrem e crescerem, se distorcerem.
Mas o que eu odeio mesmo é quando chega um mal-conhecido de botequim acompanhado de desconhecidos de botequim, inchados de cachaça, e o conhecido berra para todos ouvirem, orgulhoso de ser meu amigo: Taí! Esse é meu amigo Alcir, jornalista e escritor!. Escritor, eu? Só publiquei um livrinho e, ainda assim, paguei a editora para publicá-lo!!! Fico envergonhado, gostaria de ter o dom da invisibilidade, de entrar embaixo da mesa e desaparecer. Mas suporto com bravura a inconveniência e aperto uma a uma as mãos grudentas de suor velho. Tento ser diplomático, finjo simpatia temperada de visível impaciência, desvio os olhos para as páginas do jornal aberto sobre a mesa como a anunciar certa urgência na leitura. Talvez percebam e saiam, talvez me deixem em paz.
Já requeri um biombo, mas o gerente do bar se limita a um sorriso. Então uso as páginas como aparelho seletor de presenças aceitáveis. Se inconveniente, ponho o dedo em algum ponto de uma coluna impressa enquanto cumprimento o recém-chegado. Se ele pergunta o porquê, digo que é pra não perder o ponto, que foi ali que interrompi a leitura com sua chegada. Isso já me criou situações embaraçosas, senão perigosas. – Tá me tirando?, disse um quase-amigo com cara de nenhum amigo, sorriso já recolhido. – Não, nada disso, imagine? É que a notícia é relevante demais para mim... Quase apanhei. Por garantia, passei a examinar o tamanho do sujeito antes de lançar mão do expediente.
Sou cliente VIP (Very Important Pingaiada). Há quem diga que faço parte do cenário. Que, se não estou, a clientela fica olhando em volta, tentando descobrir o que mudou, se há novidades, um vaso, uma nova iluminação. Mas não gosto da brincadeira do garçom, que vem espanando as mesas e, de passagem, me espana também, alegando engano em seguida. Não acho graça. Entretanto, o bar está lá, o jornal à mão, a cerveja gelada, o tempo sobrando disponível... Eu não resisto.

Mensagem de despedida de férias

Gozei (no bom sentido) merecidas férias em setembro/outubro. Emendei o período com feriados prolongados. Antes de deixar a redação da Assessoria de Imprensa, porém, poucos dias antes da hora do devido gozo (idem), enviei mail de despedida para os colegas, conforme segue:

Queridos/idas,

Não aguento esperar... A partir de quinta (6 de setembro), vocês vão passar prazerosos 39 dias sem ver este meu rosto lindo ou ouvir esta minha voz de timbre musical. Entretanto, eu vos digo: pensarei em vocês aqui da Redação, trabalhando penosamente, enquanto eu me embriago de cerveja e sol. De vocês, levo a poesia, a benemerência escatológica, o espírito profundo de solidariedade e de união. Esses dias escorrerão marcando as minhas já tão sofridas faces, ardendo sobre minhas cicatrizes tantas enquanto eu durmo até tarde, e vou flanando pelaí. Então, sozinho em alguma mesa de bar, eu constatarei com os olhos marejados: putaqueopariu!, eu estou de férias!!!

E, por vocês, eu me inspiro:

O melhor do ócio é que, nessa idade,
Não terei que cumprir horário
Mas vou morrer de saudade
De infernizar o estagiário.

E ficarei por aí, à toa
curtindo o mundo e suas cores
Sem nem pensar que existe
Pauta, demanda, Dolores...

Quem dera esse período
Durasse até o fim do ano
Mas não; já em outubro direi:
Pronto!, lá vem o Luciano!

A todos e todas,
ósculos nas tuberosidades calipígias,
Alcir, o Belo

Glossário
Dolores: Supervisora Técnica de Imprensa da PMSA, nossa chefa
Luciano: Coordenador do Núcleo de Comunicação da PMSA, o Fodão
Tuberosidades calipígias: bunda
Ósculos: ah!, saco, vai procurar no dicionário!

segunda-feira, outubro 16, 2006

Experiências

Quando a gente vai ficando velho... quero dizer, quando o sujeito acumula aniversários, ou tempo de estrada, fatalmente terá uma coleção de fatos, testemunhos, cenas vistas e experiências vividas que os jovens nem imaginam.
Quando eu trabalhei na polícia ferroviária (nos anos 70), vivi coisas inusitadas e até assustadoras. Em seis anos na RFFSA, atendi 17 atropelamentos... e atropelamento por trem não é coisa bonita de se ver. Os velhos ferroviários contavam histórias como: "O trem tira os sapatos do atropelado, sempre!". Quando ouvi, não acreditei. Mas, depois de atender tantas mortes, confirmei a lenda.
E também matei cachorros atropelados e condenados a morrer lentamente. Tinha que sacrificá-los. Não tinha coragem de virar as costas e deixar o animal agonizando por horas. Um dia, um funcionário da estação de Francisco Morato me levou até sua casa porque acreditava que seu cachorro, que sempre fora manso e estava muito agressivo agora, pegara raiva, e ele tinha filhos pequenos. Queria sacrificar o animal para preservar as crianças. Fui.
Na casa, todos se recolheram depois de me apontar onde o animal estava preso. As crianças estavam aos prantos, pois adoravam o cachorro. O cão estava na corrente em uma casinha baixa, de blocos, coberta com um pedaço de telha Brasilit. Rosnou com a minha aproximação. Ergui a telha devagar, com o revólver na mão. O cão me viu, ficou parado ante o cano da arma, olhos fixos em mim, rosnando. Olhei para ele por uns instantes... e guardei a arma.
O dono saiu, surpreso com minha atitude.
- Você não vai sacrificá-lo?
- Não, respondi. Não entendo de animais mas não acredito que ele esteja com a raiva. Deve estar nervoso com alguma coisa. Vamos esperar mais uns dias...
Pois não é que, dias depois, o homem veio me agradecer emocionado. O cachorro voltara ao normal e brincava com as crianças. Não estava doente, e os filhos estavam felizes. E eu fiquei feliz também. Valeu a sacada!

terça-feira, agosto 22, 2006

Reflexões

Puxa, faz um tempo que eu não posto nada no meu blog... Ô preguiça! Talvez eu estivesse vagando pelo limbo, alheio aos domínios de Gaia, à humanidade e à triste condição humana. Prefiro alimentar meu hiilismo a chorar as mortes sob mísseis israelentes no Líbano, ou sob bombas americanas no Iraque. Prefiro amar meus filhos e dedicar-me a um projeto novo, incipiente ainda, que poderá ajudar-me a pagar uma pequena parcela das minhas dívidas.
Mas permanecerei alheio aos convites que a ACA me envia com frequência. ACA, para quem não sabe, significa Associação dos Credores do Alcir. Pois é, até sede própria a ACA já tem, e insiste em convidar-me para seus churrascos mensais, bingos, festas juninas e outras atividades às quais não compareço. Já mandei a eles o meu recado: Não estou nessa pindura porque quero. Penso sempre em vocês, e informo que, em todos os dias de pagamento, penso mais ainda em vocês. Como a grana é curta, ponho seus nomes em papéizinhos, dobro-os e ponho no meu chapéu. Sorteio uns dois ou três e efetuo o pagamento. Se vocês insistirem com seus convites sarcásticos, não ponho mais seus nomes no meu chapéu e ponto final!
Sabe que eles sossegaram um pouco?

terça-feira, junho 13, 2006

Trechos do meu livro ainda não publicado

Em 1995 publiquei meu primeiro livro, Treze Infernos, textos poéticos, contos e crônicas livro. A seguir, a sinopse do segundo livro, Seara Encantada, que estou fazendo a revisão final para, depois, tentar o apoio de alguma editora. Vai ser difícil...


SINOPSE
Seara Encantada
Enquanto as ações do homem sobre o Planeta Terra provocam alterações climáticas cada vez mais extremas, um simples pai de família desaparece de casa deixando esposa e filhos. Por trás desse mistério está o dedo sobrenatural de Gaia, o Espírito da Terra.
Sem memória, o homem vaga por cidades do interior até deparar com seu destino em um lugarejo minúsculo. Ali encontrará, além do desfile de personagens tragicômicos, um xamã poderoso e anacrônico encarregado de treiná-lo nas artes xamânicas.
Um espaço mágico e repleto de espíritos elementares da Natureza faz o pano de fundo para a história. Essas criaturas diáfanas são parte do projeto natural de recuperação do planeta, para o qual muitos outros foram convocados.
O aprendizado do discípulo, entretanto, não será tranqüilo pois há os do “outro lado”. Uma ficção envolvente e divertida, e um alerta em defesa da sobrevivência do planeta.

Trechos:
"O Primeiro
Em dezembro de 1995, publiquei meu primeiro livro, intitulado "Treze Infernos, Textos Poéticos, Contos e Crônicas". Fiz apenas 500 exemplares (esgotados, mas não necessariamente vendidos, veja bem!), pela João Scortecci Editora, aquela que publica qualquer livro, preste ou não, desde que se pague a quantia devida... Com 80 páginas, aquela foi minha primeira aventura literária e reune textos que eu vinha escrevendo ao longo dos tempos, desde a Revolução Francesa, pelo que me lembre...

Eis a capa do de cujus... com fotografia da minha lavra feita no Parque Estadual do Juquery, local onde persiste vegetação de cerrado, uma raridade em São Paulo. Vale a pena conhecer... o parque.

terça-feira, maio 30, 2006

Crônicas suburbanas

Suburbano
A camada de pó cobre lentamente os meus pensamentos poucos, exercendo sobre mim essa catarse estranha. Caminho entre o lixo das ruas, desvio-me de buracos e poças, trafego sereno entre cães vadios, entre bêbados e mendigos nesse subúrbio das almas. A poeira fina vai cobrindo tudo, como num sinal dos tempos.
As ruas serpenteiam malígnas entre os casebres toscos. Crianças encardidas sorriem. A menina bonita traqueja nos calcanhares empoeirados, entre olhares e assovios dos marreteiros em calção e havaiana. Seus pés sujos me contam histórias.
A poeira vai se insinuando pelas frestas e vãos, acumulando-se. Tudo assume uma só e triste cor. A poeira me contamina, me desanima, me confina nessa desesperança, nessa desconfiança de que a coisa descambou, de que tudo vai mal. Esta cidade precisa urgentemente de um tratamento de choque pela poesia, de pontos brilhantes nas esquinas, asfaltos azulados, calçadas quadriculadas.
Esta cidade precisa de estímulos, de ícones, de dissonantes jazzísticas. Precisa ela é de domingos ensolarados, de uma liberada e colorida juventude que dance, colha flores, namore. Para despertar esta cidade não é preciso muito. Talvez uns sacolejos aqui e ali, quem sabe um banho de música, um forró danado de bom, uma grande chuva, daquelas de verão, quando o sol fica para brincar com as gotas grossas. Esta cidade precisa mesmo é de umas vassouradas vigorosas.

Francamente, Franco da Roça!
Franco da Roça, 62 anos de existência, quase cem bairros, população estimada em mais de cento e trinta mil almas famintas de comida, bebida, diversão e arte... Cidade nascida do amor da antiga Juquery e a velha e pernóstica inglesinha São Paulo Railway, por cujos trilhos trafegaram tantos sonhos e encoxadas - isso sem falar das árvores onde os bandeirantes fizeram xixi - fica aí, sorumbática e pasma, no meio dos morros, esperando o futuro, "esperando a sorte ou talvez o dia de voltar pro norte".
Franco da Roça, nem capital nem interior, mas periferia econômica e cultural - esse escuro cordão de brasileiros que, em busca de uma sobrevivência, se não digna, ao menos possível, amontoam-se em torno das grandes cidades, bem longe de sua terra natal. Se nas décadas de sessenta e setenta era celeiro de artistas, hoje está desfigurada, deteriorada, violentada em seu tédio modorrento mas, ainda assim amada por seus filhos.
Cercada de Mairiporãs, de Caieiras, de Moratos e Cajamares por todos os lados, nossa juquerina aldeia sobrevive aos trancos, arranhando aqui e ali umas lascas de cultura, de bons sons, de artes plásticas e artes plastificadas, de esportes radicais e/ou jovens radicalizados, inseguros no desespero da falta de perspectivas, de opção e de grana, no meio de uma puberdade confusa, na rebeldia sem causa e sem alvo definido, expressa no vandalismo predatório.
"Enquanto os homens exercem seus podres poderes" a cidade fica aí, estagnando a céu aberto, andando para trás e sonhando suas esperanças de um dia poder invadir o primeiro mundo por terra, mar e bar. E como a esperança é a única que morre, haveremos de sonhar, todos, até que a burrice nos torne mais provincianos... e iguais.

sexta-feira, maio 05, 2006

As Aves

(Texto publicado em 1995, no meu livro "Treze Infernos - Textos Poéticos, Contos e Crônicas".)


(Origem: Li, em 1995, notícia sobre fotógrafo americano que ganhara o prêmio Pullitzer com foto de criança africana agonizando e corvo esperando nas proximidades. Meses depois, o fotógrafo é encontrado morto dentro do carro em sua garagem fechada e motor ligado. Suicídio?... Aí eu escrevi...).

A imagem ainda está, cruel, terrível ante meus olhos: o menino africano agoniza; numa pedra, o corvo espera. A imagem está gravada, indelével em meu coração. A cena dói em mim e doerá por muitos anos, infinitamente, nos olhos de cada menino, no andar cansado de cada velho, no rosto sofrido de cada um, essa cena doerá em mim, pungente, impiedosa. Daí minha impotência, minhas mãos vazias, meu ódio incontido por todas as injustiças, por toda sorte de corrupção, de impunidade, de oportunismo, de sarcasmo, de hipocrisia.

Magérrimo, sem forças, o menino fica deitado na sua dor infantil. A fome já não lhe dói, na dormência da morte que vai, inexorável, invadindo seu corpo pequeno. No torpor da agonia ele já não se recorda do prazer da comida ou talvez, no delírio, sonhe: um prato de arroz, doces, balas, um chocolate. A ave negra espera, apenas.

Conheço essas aves, há muitas em minha cidade. Voam atrás do poder fácil, do dinheiro fácil, do emprego fácil, do abuso fácil, Quando não podem ser, bajulam ou imitam quem é. Quando não podem ter, orbitam em torno de quem tem, as aves. Daí a minha revolta, os meus textos amargos, o meu poema agressivo. Daí o meu desinteresse nas glórias mesquinhas, nas quinquilharias, nas posses e poses, nas falsas pompas, nos elogios gratuitos.

Escrevo porque melhor não sei fazer. Mesmo que ninguém leia ou creia, eu escreverei insistindo: eu percebo gente à venda infestando a cidade como percevejos... A dor dói, sim, em mim, estupenda e avassaladora. Por isso eu quero as coisas simples e pequenas apenas. E comida e educação, e saúde e proteção, e carinho e respeito para aquele e todos os outros meninos, menino que eu fui, meus filhos...

A meu pai

(Texto publicado em 1995, no meu livro "Treze Infernos - Textos Poéticos, Contos e Crônicas".)

Na manhã de quarta-feira, 22 de fevereiro de 1995, faleceu meu pai. Idoso, cansado, calado, partiu sem quase nada me dizer. A dimensão da sua ausência foi-se avolumando, lenta e cruel, tomando forma e submetendo-me a uma solidão estranha, cheia de pontos obscuros e pausas não esclarecidas. Foi-se o nordestino piadista, incansável contador de casos e conhecedor de coisas que livro algum jamais me ensinará. Sentei-me num canto e olhei para minhas mãos inúteis.

O dia estava claro quando ele partiu. Até a notícia demorou a chegar, tamanho o silêncio com que ele se cercara nos últimos tempos, ciente da urgência da partida e disposto a botar os pés feridos na sua última estrada. Não reclamou. Não acusou ninguém e, por si mesmo, não derramou, nunca, uma lágrima sequer

Partiu como quem pede desculpas pelo mau jeito, pela piada infeliz, pelo estorvo causado e por não ter podido dar mais do que deu aos que amou. Levou consigo as mãos calejadas em cobrir as crias, em dar-lhes morada e sustento. Aos pequenos, aos menores, reservou, em seu peito, um cantinho especial. Amou-os, assim, com seu jeito terno. E fomos , todos nós, os menores, um dia, e tivemos, portanto, um lugar especial naquele velho coração.

Deixou-nos coisas valiosas, imateriais, sagradas, como essa certeza diante da vida, uma posição sólida ante as injustiças, um silêncio sereno ante a dificuldade. Riqueza não deixou porque não as teve mas transmitiu aos que o conheceram uma doçura prática para superar qualquer obstáculo: sua alegria determinada.
Uma orfã perspectiva abre-se para mim nesse desamparo, um mundo novo onde me sinto estranhamente só, um horizonte onde impera esse nó no peito, esses caminhos todos em que terei que caminhar, carregando as lembranças, pois os seus ossos não poderei levar.

Foi-se meu pai ao encontro de minha mãe e ficamos nós, pasmos diante da crueza do destino, meninos ainda, dentro de nossas grandes cuecas, a lamber nossas próprias crias como se fôssemos eternos.

sexta-feira, março 10, 2006

Piadas que me fizeram rir...

Casamento muçulmano
Um casal muçulmano moderno, preparando o casamento religioso, visita um Mullah buscando aconselhamento. Este pergunta se eles têm mais alguma dúvida antes de irem ao casório. Então o homem pergunta:
- Nós sabemos que é uma tradição no Islã os homens dançarem com homens e mulheres dançarem com mulheres. Mas em nossa festa de casamento, nós gostaríamos de sua permissão para que todos dancem juntos, inclusive homens com as mulheres.
- Absolutamente, não! - diz o Mullah. É imoral. Homens e mulheres sempre dançam separados. Sem condições, não e não, definitivamente, não!
- Então após a cerimônia eu não posso dançar nem com minha própria esposa?
- Não - respondeu o Mullah. Dançar com mulher é e sempre será proibido no Islã.
- Está bem - diz o homem. Bem, e quanto a sexo? Podemos finalmente fazer sexo?
- É claro! - responde o Mullah. No Islã, o sexo é bom, dentro do casamento, para ter filhos!
- E quanto a posições diferentes? - pergunta o homem.
- Alá é Grande! Sem problemas! - diz o Mullah.
- E mulher por cima? - o homem pergunta.
- Claro! - diz o Mullah. Pode fazer!
- De quatro?
- Claro!
- Oral?
- Sim, sim. Sem problemas.
- Na mesa da cozinha?
- Sim, sim!
- Posso fazê-lo, então, com todas minhas quatro esposas juntas, em colchões de borracha, com uma garrafa de óleo quente, vibradores, chantilly, acessórios de couro, pote de mel e vídeos pornôs?
- Você pode, é claro.
- Podemos fazer de pé?
- Nããããoooo! Nunca! Nãããããoooo, de jeito nenhum!
- E por que não? - pergunta o homem surpreso.
- Porque vocês poderiam se entusiasmar... e acabar dançando...

O signo da velhinha
A velhinha sai do consultório, anda lentamente pelo corredor, pára e volta. Bate levemente na porta, abre e pergunta ao médico:
- Dr., o que foi que o senhor disse mesmo? Libra? Touro? Áries?E o médico, muito sério:
- Câncer, senhora, eu disse câncer...
Em seguida, entra um paciente e entrega ao médico um envelope fechado com resultados dos seus exames. O médico abre, olha para o relógio, para o paciente, para o papel que tem na mão e diz com ar de espanto.
- Meu caro, infelizmente você só tem três minutos de vida.
Desesperado, paciente implora para o médico:
- Doutor, pelo amor de Deus, não há nada que o senhor possa fazer por mim?
E o médico, com um sorrisinho:
- Sim, um miojo...



Sexo seguro? Use Durex...
(Português de Portugal)
Na capa do livro "Quem Ama, Educa", do doutor Içami Tiba, aparece escrito: "Traduzido para Itália, Espanha e Portugal". E muita gente estranhou: "Como assim? O livro foi traduzido do português para o português?". Ora, pois foi! A verdade é que o jeito brasileiro de escrever e falar vem se afastando da castiça língua portuguesa. Alguns exemplos de palavras que não tem mais nada a ver...
Aqui na terra............. Lá na terrinha
Camisinha ........................... Durex
Durex .................................. Fita cola
Fila ..................................... Bicha
Homossexual ...................... Paneleiro
Sapatão .............................. Fufa
Pãozinho francês ................ Cacete
Um grupo de crianças.......... Canalha
Um adolescente ................. Um puto
Peruca .............................. Capachinho
Calcinha feminina ............... Cueca
Ficar menstruada ............... Estar com histórias
Absorvente feminino ........... Penso higiênico
Dentista ............................ Estomatologista
Professor particular ............ Explicador
Comissária de bordo .......... Hospedeira
Garis ............................... Almeidas
Salva-vidas de praia ........... Banheiro
Sanitário .......................... Salva-vidas
Cego ................................ Invisual
Chiclete ............................ Pastilha elástica
Injeção ............................. Pica
Embebedar-se .................. Enfrascar-se
Impostos .......................... Propinas
Mulherengo ...................... Marialva
Tesão .............................. Ponta
Alô? ................................ Está lá?
Diferenças linguísticas à parte, quem for a Portugal não deve deixar de provar um
delicioso tira-gosto: uma rica porção de bacalhau, cru e desfiado. Nem deve se
apoquentar se o empregado de mesa (vulgo garçom) gritar bem alto:
"Uma punheta para a mesa oito!"

Fonte: revista Época


O que você vai almoçar hoje?
Há muitos motivos para se visitar Portugal. Mas um deles é, com certeza, a culinária regional. A balança é a maior testemunha de que em Portugal se come e bebe muito bem. E como os prazeres da mesa merecem ser compartilhados, faço a minha sugestão para um almoço à portuguesa aí na sua casa. Lá vai. Os nomes são bem sugestivos e verdadeiros! Bom apetite!!!! ÔPÁ!!!

Aperitivo - Punheta de Bacalhau: Enquanto faz o almoço, nada melhor do que reunir os amigos para uma punheta rápida. É um bacalhauzinho desfiado, temperado com cebola, azeite e vinagre. Simples e dá muito prazer. Fácil de fazer, é uma boa opção para os solitários.

Entrada - Sopa de Grelos ou Sopa Seca que se Agarra às Costas: Por alguma razão, a sopa de grelos é a preferida dos marmanjos. Já os que não se importam de ter algo agarrado às costas preferem a segunda sopa, típica da Beira-Litoral e feita à base de feijão e pão.

Prato principal - Arroz de Pica no Chão: É uma especialidade da região do Entre-Douro e Minho, no extremo norte do país. O Arroz de Pica no Chão é feito à base de frango e toucinho, levando os devidos condimentos. É um prato delicioso, mas um tanto pesado e por isso deve ser apreciado com moderação.

Acompanhamento - Caralhotas ou Cacetes: Uma refeição portuguesa tem sempre pão à mesa. As caralhotas são pequenos pães típicos da região de Almeirim. Já os cacetes são comuns em todo o país. É fácil encontrar um português na rua com o cacete na mão.

Bebida - Vinhos Portugueses: Os vinhos são classificados por regiões e há para todos os gostos. Como é verão no Brasil, talvez seja bom optar por um vinho com aspecto mais leve e feminino. Pode escolher um Monte das Abertas (Alentejo), um Quinta da Pellada (Dão) ou, talvez, uma garrafa de Rapadas (Ribatejo). Mas se insiste em uma bebida mais encorpada e masculina, uma boa opção pode ser o Três Bagos (Douro). Ou, ainda mais intenso, um Terras do Demo (Beiras).

Sobremesa - Mamadinhas da Pousadinha de Tentúgal ou Espera-Marido à Transmontana: A confeitaria portuguesa é muito rica e os doces conventuais são mesmo um objeto de culto. O Espera-Marido é um doce simples que se faz com açúcar, ovos e canela em pó. Já a mamadinha é uma das maiores delícias surgidas nos conventos.

Digestivo ­ - Licor de Merda: É uma bebida da região de Cantanhede, feita à base de leite, baunilha, cacau, canela e frutas cítricas. Quem experimentou diz que é uma merda, mas muito gostoso.

Tem quem goste de comer, por exemplo, sapateiras, madalenas e trouxas".
Viva Portugal!

As vantagens da melhor idade
Os velhinhos não tem porque desanimar. O acúmulo de aniversários traz lá suas vantagens, além da fila especial no banco e não pagar passagem de ônibus. Veja porque:

01. Seu suprimento de células cerebrais finalmente baixaram a um nível administrável.
02. Seus segredos estão seguros com seus amigos pois eles também não se lembram.
03. Suas juntas fazem uma previsão de tempo mais exata do que o serviço nacional de meteorologia.
04. Tem gente que telefona às 9 da noite e pergunta: - Lhe acordei?
05. Ninguém lhe chama mais de hipocondríaco.
06. Você não tem que estudar mais nada.
07. As coisas que você compra não vão ficar velhas.
08. Você pode jantar às 6 da tarde.
09. Você pode viver sem sexo, mas não sem óculos.
10. Você gosta de ouvir os amigos contando suas cirurgias.
11. Você discute acaloradamente sobre aposentadoria e planos de saúde.
12. Você dá uma reunião e os vizinhos nem notam.
13. O limite de velocidade deixa de ser um desafio.
14. Você não encolhe mais a barriga para ninguém.
15. Você cantarola a música do elevador.
16. Seus olhos não podem piorar.
17. Seu investimento de planos de saúde começa a valer a pena.
18. Você não se lembra quem mandou esta lista.


Puxa-sacos Sênior
Empregado: Patrão, sabia que há no mundo duas pessoas a quem eu amo mais que a mim mesmo?
Patrão: Verdade? Puxa vida, devem ser seus pais...
Empregado: Não, patrão. Esses eu amei muito, morreram, que Deus os tenha... mas não são eles.
Patrão: Então devem ser sua esposa e seu filho?
Empregado: Também não, patrão. Eles estão em terceiro e quarto lugar. As duas pessoas a quem eu mais amo são outras.
Patrão: Bem, quem são então?
Empregado: O primeiro é o senhor, meu grande e amado patrão...
O patrão ficou sem graça, agradeceu e perguntou:
Patrão: E a segunda pessoa? Quem é?
Empregado: - Quem o senhor indicar, patrão, quem o senhor indicar...

quinta-feira, março 02, 2006

Eu, oras, eu...



Depois de alta quilometragem rodada na vida, a gente fica pensando nas coisas passadas e relembrando experiências várias e ricas pelas quais passou. Desde cedo notei que, na vida, havia boiadeiros e boiadas. Esforcei-me para ser boiadeiro, para conduzir e não ser conduzido. Hoje tento ensinar isso aos meus filhos: há agentes e regentes (os que agem e os que reagem), há produtores e consumidores. Num show, há poucos no palco e milhares na platéia. Onde você prefere estar?

Não diria que sou hoje um ator, nem mesmo um boiadeiro. Por vezes estou na boiada, imerso no inconsciente coletivo, como convém aos bois. De repente, passo a produzir: fiz umas musiquinhas, fotografias, vídeos, escrevi poemas, crônicas, contos e mesmo livros (um publicado em 95 e outro à espera de uma editora).
A minha pobre biografia, entremeada de muitos amores, duradouros ou fugazes, revela que, de tempos em tempos, eu nutria interesses específicos. Adolescente, adorava ciências, a ponto de ler um livro de química, sobre os elementos, de ponta a ponta. Montei um laboratório, operei sapos (Coitados! Peço perdão a eles), construí e lancei pequenos foguetes, tentei fazer pólvora e nitroglicerina (Se deu certo? Oras, estou aqui escrevendo, não estou?). Bem, iria ser cientista, pesquisador...

Depois mergulhei no esoterismo. Li Teosofia, as váriasYogas, diversas correntes da Magia, Budismo Zen, enfim, estudei tudo o que podia sobre, fui Rosacruz, pratiquei Hata Yoga. E passei então para a política, vesti a camisa e carreguei bandeiras nas ruas, até candidato a vereador eu fui.

Nas profissões, fui projecionista de cinema, segurança ferroviário, balconista de bar, montei estúdio fotográfico, fui agente da Receita na Alfândega do Aeroporto de Congonhas, trabalhei na Cetesb e em assessorias de imprensa de prefeituras. Participei de pequenos jornais regionais, de exposições de artes plásticas, de festivais amadores de música...

Tudo somado, deu nisto: casei, tive filhos

Há tempos atrás, dava meus “pitacos” nas coisas da minha cidade, Franco da Rocha. Depois, desanimei, nihilista que me tornei (nihilista: vem de nihil, “nada” em latim. O nihilista, ou niilista, não crê em nada). Eu, que opinava nos jornais, criticava, sugeria, fazia reportagens e artigos, não perdia uma exposição de arte, uma peça local de teatro, participava da política ativamente, fotografava e fazia vídeos, que levava a sério tudo o que ocorria. Hoje estou fora. “De tanto ver triunfar nulidades”, a gente fica assim...