segunda-feira, outubro 30, 2006

VERÍDICA - Velhinha chata, sô!

Bar, no Brasil, é uma instituição a ser preservada. É ali que se ouvem (ou acontecem) as histórias mais saborosas, ou onde se encaminham tristes destinos. Sabadão qualquer, eu e um grande amigo estávamos em torno da cervejinha sentados num balcão de padaria, daquelas bem encardidas (como a maioria dos seus frequentadores), levando bom papo (um jogando cisco no ouvido do outro), quando chega uma senhora com uma foto de uma criança:
- Meu sobrinho está muito doente, preciso comprar remédios. Podem ajudar?
Interrompida a conversa, o colega deu um real. Eu não dei nada, duvidando que a mulher sequer conhecesse a criança. Mal retomamos a conversa e a velha interrompe novamente.
- Posso tomar um copo de cerveja? Tô com uma vontade...
Nos entreolhamos e demos a bebida para a mulher. Mas ela não deu trégua.
- Vocês moram aqui na cidade?
Respondi com monossílabo. Ela contra atacou, marcando corpo a corpo.
- Vocês são casados?
Aí foi demais e eu não perdi a deixa.
- Não, não, é só amizade...
Percebendo o duplo sentido do insólito diálogo, o colega não aguentou e explodiu na gargalhada. Aí sim, a mulher desistiu e se afastou devidamente melindrada.

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