domingo, dezembro 29, 2013

Eu sou um chorão

Eu sou um chorão. Não aparento, mas sou. Certa vez eu estava lendo meu jornal e tomando minha gelada numa certa mesa. Sentaram-se perto um casal com uma pequena menina. Quando dei por mim, a menininha – uns quatro anos, estava ao meu lado espiando o que eu estava lendo. A mãe a chamou de volta:
- Filha, vem pra cá, deixa o moço em paz.
Eu disse que podia deixar, que nenhuma criança me atrapalharia, em especial uma criança tão linda. E comecei a conversar com a pequenina desinibida. Depois ela foi pra junto dos pais e a mãe me explicou que ela veio até mim porque eu era muito parecido com o avô dela. A pequenina voltou mais uma vez. Depois sossegou.
Quando saíram, o casal se despediu de mim. Foi então que a menina me surpreendeu, me comoveu quando disse-me:
- Tchau, vô.
Eu respondi, eles foram embora e nem notaram que fiquei com os olhos cheios de lágrimas. Nunca mais os vi, nunca mais vou esquecer aquela criança. Eu sou mesmo um chorão.


terça-feira, dezembro 17, 2013

Fotos antigas e preciosas de Franco da Rocha

Para ver melhor essas joias raras, copiei e amplie para que os detalhes de revelem. Quem nasceu ou vive aqui há muito tempo vai se emocionar. Aqui é o município de Franco da Rocha, Estado de São Paulo, Brasil.

Foto antiga, mais antiga que eu, do Hospital Psiquiátrico do Juquery provoca emoções e nostalgia. Nota-se a ausência de edificações ainda não construídas, a inexistência dos grandes jardins e do campo de futebol. No alto, o conjunto dos prédios principais. Descendo pela avenida, a casa onde moravam antigos diretores e que, depois foi Escola de Enfermagem e Museu.
Bem abaixo, no canto direito da foto, vê-se a antiga ponte sobre o rio Juquery, onde substituída. Ali não há ainda a guarita que vigiava a entrada do complexo.




Ao lado outra foto do mesmo ângulo, desta vez com jardins e o campo de futebol



Antigo Bar da Etelvina, já demolido. Ele ficava na esquina da rua Angelo Sestini com a rua Azevedo Soares.










A avenida Sete de Setembro, imagem antiga. Veja os modelos de carros que predominavam na cidade.







A prefeitura, a Câmara municipal e o ginásio Rogério Seixas em obras.











Imagens como estas devem ser preservadas para sempre, para que a juventude e novos moradores conheçam o passado de Franco da Rocha e suas memórias.



quinta-feira, dezembro 05, 2013

A Escola de Enfermagem do Juquery


Lembro-me que, nos anos 1970 (até bem antes), a escola de enfermagem que havia no Juquery era muito respeitada e formava bons profissionais na época. Eu trabalhava na Estrada de Ferro e sou testemunha do respeito que essa escola impunha, tanto que a ferrovia fazia parar, por causa desses estudantes, trens expressos da Fepasa, mais confortáveis, que normalmente passavam sem parar na estação de Franco da Rocha. Eles vinham de Jundiaí e só paravam nas estações de Lapa e Luz.
Mas, às 6hs da manhã, um expresso parava na estação da cidade para levar os estudantes daquela escola que iam fazer estágio em SP. Assim, outros passageiros com destino a SP também podiam usar o expresso nesse horário. Na volta dos estudantes de enfermagem, um outro expresso Fepasa os trazia de São Paulo parando nesta estação às 12h35.
Bons tempos aqueles.

domingo, novembro 03, 2013

Briga em velório de criança?

Há histórias reais que são difíceis de acreditar. Bairros antigos de Franco da Rocha são ricos em ocorrências inusitadas. O centro da cidade, mais ainda. Ouvi uma história supostamente acontecida na Vila Ramos município de Franco da Rocha, SP) ali pelos anos 60 que preciso checar, mas ainda não encontrei testemunhas.
Havia um valentão que frequentava a vila. O apelido era Segurão. Brigão, famoso e temido, entrava nos bares a cavalo e encrencava sempre com os mais fortes.  Os moradores antigos confirmam que Segurão gostava de demostrar ser destemido. Sem nenhuma proteção, metia a mão nas chaves de eletricidade dos bares (110 volts) e aguentava os choques sem fazer careta. Em casa, criava cascavéis; morreu picado por uma delas.
Nesse tempo, os velórios reuniam as mulheres na sala onde era servido café e biscoitos. Os homens ficavam no quintal bebendo pinga e conversando. Na ocasião, o corpo velado era o de uma criança. Madrugada avançada, Segurão chega já calibrado e vai direto pra turma da pinga. Não demora e a briga começa, entra sala adentro e derruba o caixão deixando o corpo da criança falecida estendida no chão da sala, para horror dos presentes. Não sei o que aconteceu depois. Mas me contaram que foi assim.
Arrepiante!

sábado, outubro 26, 2013

Procura-se fazedores da cidade

Uma cidade se faz com homens e mulheres providas de alma luminosa. Que abraçam sua rua como quem abraça o filho. Que olha com respeito para o passado e vê com satisfação as transformações que se concretizaram. No entanto, o que mais se vê infestando as ruas e bares são almas sombrias, pessoas vazias, movidas por um instinto animal, contando vantagens e exibindo posses e poses sem produzir nada interessante. Esses são aqueles que mais reclamam e sempre criticam tudo.
O que Franco da Rocha precisa é de cabeças pensantes, é de fazedores da cidade, é de pessoas dispostas a dar vassouradas vigorosas neste lugar, tornando-o habitável e agradável. É preciso afastar os interesseiros, os gananciosos, os maldosos, os mau-caráter loucos por dinheiro. É preciso por pra correr os incompetentes, os preguiçosos, os parasitas nocivos, os ladrões de idéias e de ideais.
Uma historinha:
Conta-se que o Rei de Espanha, em certa época, foi visitar as obras da fabulosa Catedral de São Tiago. Ali, o Rei encontrou um homem misturando areia e cal. Perguntou-lhe: - O que faz, meu bom homem? E o homem, depois das reverências devidas: - Estou fazendo argamassa para juntar pedras e levantar paredes, Majestade. O Rei seguiu caminho e viu um homem quebrando pedras: O que faz você , meu bom homem? E o obreiro: Quebro pedras para erguer paredes, meu Rei. Depois viu um homem que entortava arcos de ferro. – Eu estou montando vitrais, Majestade. Em seguida o Rei de Espanha deparou com um menino carregando um saco de pedras.
- E você? O que faz, meu rapaz?
E o menino, todo orgulhoso:
- Estou fazendo uma catedral, Majestade.
Assim, enquanto muitos vão se locupletando, poucos, muito raros, erguem uma cidade. Pouquíssimos olham com amor para essas ruas feias, esses bairros encardidos, e sonham com ruas limpas, calçadas quadriculadas, jardins, manhãs de sol onde uma juventude sorridente e colorida namore, cante , colha flores. É segurar pra não chorar...

sexta-feira, outubro 11, 2013

Viu a uva?


Meu neto, o único por enquanto, nasceu em 2004. Eu trabalhava na Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Santo André, SP. Éramos mais de quinze jornalistas atuando na área. Todos os dias, quando eu chegava para trabalhar, uma jornalista de Santos me perguntava com ironia:
- Vovô viu a uva?
Como eu realmente havia sido promovido a vovô, achava divertido. Mas a repetição da mesma piada me encheu os pacovás, até que quando, pela enésima vez, ela fez a mesma pergunta, eu lhe dei um troco espirituoso e definitivo para riso geral:
Ela: - Vovô viu a uva?
E eu: Não! Esta noite vovô viu a vulva.
Ponto final. Nunca mais ouvi dela essa piadinha. É assim que se faz. Depois disso, durante meses, um outro colega oriundo de Mairiporã, SP, me perguntava com ironia indireta para ela:
- E aí, Alcir? Vovô tem visto a uva?
E eu: - Sim, mas não com a variedade que gostaria, nem com a frequência que deveria.


sábado, outubro 05, 2013

Bulling Geopolítico

Os americanos espionando o Brasil para levar vantagens comerciais representa um desrespeito sem precedentes. Para os americanos nenhum outro povo, que não eles, merece respeito. É o bulling geopolítico: o fortão abusando dos mais fracos. Por isso o 11 de setembro.
O Brasil não pode ficar agradando o crocodilo na esperança de ser o último a ser devorado. Apesar de todas as nossas vergonhas, temos que preservar um mínimo de dignidade. Nossa soberania é sagrada. Para eles, a Liberdade é só uma estátua.
Sou brasileiro. Gosto de sê-lo. Não tenho afinidade com rambinhos fortões, armados e idiotas. Afinal, a Presidenta Dilma Roussef, democraticamente eleita, tem direito a banhar-se e trocar de roupas sem nenhum americano a espioná-la pelo buraco da fechadura

quinta-feira, outubro 03, 2013

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terça-feira, outubro 01, 2013

Minha música censurada

O regime militar acabou em 1985 no Brasil. Em 1982, o município de Caieiras promoveu um Festival Amador de Música Popular Brasileira, cujo bordão era “O Sagitário vai cantar”. Um festival amador de música agita uma cidade, atrai o interesse da juventude e revela artistas criadores. Compositores de várias cidades se inscrevem e trazem suas torcidas para animar ainda mais a festa.
As músicas inscritas são pré-selecionadas pela comissão organizadora ou pelos jurados, quando escolhem as melhores que irão participar das eliminatórias. As que não passam por essa primeira peneira, esse primeiro crivo, por serem muito ruins ou por não obedecerem o regulamento, são previamente eliminadas. As demais são agrupadas para serem apresentadas e avaliadas em duas ou três eliminatórias com acesso do público. As que passam por esse segundo crivo vão para a grande final.
Eu, animado por amigos, inscrevi uma música que havia acabado de compor, que denominei “Amazônia”. Não sou músico, mas toco um pouco de violão, o que me permitiu compor meia dúzia de músicas. Mas a que inscrevi não passou pela primeira peneira, sendo eliminada já na pré-seleção. Fiquei chateado, era uma bela música e com uma letra instigante. Paciência.
Poucas semanas depois de saber da desclassificação, encontrei um amigo de Franco da Rocha, com quem mantive um diálogo aproximadamente como se segue:
- Bela música a sua, a “Amazônia”, disse o amigo.
E eu:
- Mas, de onde você conhece a minha música?
- Eu trabalho na Prefeitura de Caieiras e estava na sala quando aconteceu a avaliação da sua música. Discutiram pra caramba, as opiniões se dividiram e houve discórdia aguda. Uns caras do Juri adoraram a música, outros a detestaram e falavam que era “coisa de comunista”, que não era bom deixar passar aquela letra, no que o Presidente do Juri concordou. Acabaram vencendo e sua música foi proibida, explicou o amigo.
- Proibida?, retruquei surpreso. Mas ela não foi desclassificada?
E o amigo.
- Não, ela foi proibida pela ala conservadora dos jurados, que era maioria... mas eu não te falei nada disso, tá bem?
O amigo, cujo nome não me lembro, temia ser demitido por ter me revelado a verdade. Por um lado eu fiquei furioso por ser vítima de tamanha imbecilidade. Por outro, orgulhoso por ter uma música proibida pela mentalidade repressiva que imperava na época. E assim foi.
Segue a letra para que você avalie se merecia mesmo ser proibida.


Amazônia
Letra e música: Alcir Rodrigues de Oliveira

Extravasar meu sorriso sem luz
Emancipar esse índio que mora em mim
Ele jamais, ele nunca, nunca mais
terá sua paz.

REFRÃO - Sacrificar ao progresso meus bem-te-vís,
multiexplorar meus posseiros qual no Jari

Fortes traços de guerreiro, serás o primeiro dos homens normais
Índio, olhos de criança, trazes nas entranhas gritos viscerais
Serás sempre um bandoleiro que agride primeiro - aos olhos da Funai
Expulsos de suas terras onde proliferam multinacionais... fatais.

REFRÃO

Quem te dera, ai!, quem te dera levantar a clava num grito de guerra
Quem te ama, oh!, quem te ama, Amazônia clama aos filhos naturais
Amazônia yanquee, floresta dos tanques, estrôncios letais
Nem o napalm convence que teus índios/filhos são uns animais... banais.

REFRÃO

Quem esboçar um motivo pra estar aqui
Quem suportar sem abrigo este porvir
Quem entender este canto dos Waimiris
Descobrirá que um deus virá, um deus virá...

Sacrificar ao progresso meus bem-te-vís,
multiexplorar meus posseiros qual no Jari.

quarta-feira, setembro 25, 2013

1995: Echoes, Barato da Basiléia e meu primeiro livro

Em 18 de dezembro de 1995 publiquei meu livro chamado "Treze Infernos, Textos Poéticos, Contos e Crônicas", pela João Scortecci Editora. Era um livrinho de 80 págs e, por falta de grana, publiquei só 500 exemplares, hoje esgotados (não necessariamente vendidos). A editora publica o livro de quem paga, preste ou não. Como eu não tinha a verba necessária, passei o chapéu no comércio de Franco da Rocha, SP, minha cidade, e arrecadei a maior parte do que precisava. Mas não bastava. Eu tinha amigos. A banda Barato da Basiléia, de rock and blues, se propôs a tocar uma noite num barzinho central chamado Echoes Panquecaria, cuja arrecadação seria revertida para a publicação do meu livro. O bar era do Mário e do Marcelo, outros amigos.Foi noite de alto som, mas foi também hilário.
Os convites eram numerados e custavam dois reais. Haveria sorteio de exemplares do livro entre os presentes. O bar lotou, mas a galera não tinha grana pra pagar a entrada e muita gente entrou sem pagar. A renda foi baixíssima. Então o Primo e Paulinho, músicos da banda, passaram um chapéu pra coletar colaboração dos presentes. Grana que era bom não veio quase nada, mas doaram caixas de fósforos, fixas telefônicas e até preservativos. Enfim, valeu pela show que o Barato deu. Mó barato!

terça-feira, setembro 24, 2013

Crueldade eleitoral

O eleitor é cruel. Sorrateiramente, no dia das eleições, escolhem mancomunadamente um punhado de pobres cidadãos e os condena a quatro anos de trabalhos forçados nas Câmaras Municipais em troca de salários miseráveis. E lá vão os escolhidos, abnegados, penar em pról daquelas pessoinhas que mal tem o que comer, conhecidos como eleitores. Adbicam os escolhidos de suas próprias famílias e de seus interesses pessoais para trabalhar pesadamente por quatro longos e dolorosos anos pelos interesses da maioria.
Pior: depois de cumprida a pena, insistem em continuar penando, se recandidatando e, se não reeleitos, vagam no limbo, rondando as casas legislativas como almas desencarnadas que não sabem que estão mortos. Como amantes abandonados que vigiam dissimulados os passos da amada ingrata. Sabem-se imprescindíveis, insubstituíveis, incompreendidos. O eleitorado é cruel. Tanta maldade em assistir tamanho martírio daqueles condenados chamados vereadores. Estes sim, deviam ser canonizados pela pureza da alma, pela solidariedade, pelo desapego ao dinheiro, pelo amor puro ao bem-estar das pessoas. O eleitor é cruel.