Alcir Rodrigues de Oliveira
Ilegal, delinquente, subversiva.
Vem com sua beleza invasiva
E me atira à sarjeta, ao léu,
Tu, nuvem branca do meu céu.
Paisagem? Criança bonita
Nem menina nem mulher
Fica matando seus piolhos
És colírio pros meus olhos.
Que sortilégio, que feitiço é esse?
Que me rodopia e transforma
O meu amor metido a besta
Em forrózinho da minha festa?
Santinha da minha oração
Assim vejo tua imagem
Porque a prece, todos sabem,
É inimiga da perfeição.
Nunca me faço rogado
Porque, pra estar ao teu lado
vou longe, vou à pé,
Talquinho do meu chulé;
Chega como quem não quer nada
Tasca seu olhar em mim
E rouba meu coração então
Rapadura do meu sertão,
Me encanta, me comove, me enfeitiça
E, sem aviso algum, meu fogo atiça
Arrasta minh’alma sem previsão
antiácido da minha indigestão,
Não acho rima pra essa imagem
Que te endeusa, te louva.
Mas vai assim mesmo... Tu és
O supositório da minha hemorróida.
Evoé, alma penada
Tranquila no mamilo?
De boa na lagoa,
Suave na nave?
Certinho no vidrinho?
Vai indo que eu não vou...
Bom
dia, poetas velhos.
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.
Paulo Leminski
Me deixem na boca
o gosto dos versos
mais fortes que não farei.
Paulo Leminski
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